GRUPO CÚMPLICES

sexta-feira, 22 de maio de 2009

 

ESTRELA DA MANHÃ
Manuel Bandeira

Eu queria a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda à parte
Digam que sou um homem sem orgulho

Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã
Três dias e três noite

Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário
Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos

Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos
Pecai com malandros
Pecai com sargentos

Pecai com fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e o sacristão

Com o leproso de Pouso Alto
Depois comigo
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi

Coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda à parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.

3 comentários:

As inseparáveis disse...

Ao observar "Estrela da Manhã" é possível perceber o desejo frustrado, a morte,a infância,e o cotidiano de um homem simples,que tudo espera, que tudo supera.

Malagueta disse...

Manuel Bnadeira era um homem angustiado. Percebemos isso na análise de sua obra. Nesse poema, ele declara seu desespero, sua frustração, e espera loucamente pela estrela da manhã que, ao que parece, é a sua razão de viver. O poeta mostra todos os papéis que já se fez passar, afirma que aceita tudo e incita ao 'pecado', este último como referência para aproveitar a vida.

Anônimo disse...

GRUPO XIRIBIRIBINHAS.
O poema nos mostra a esperança de um homem que sonha com um mundo melhor,sem maldades ou discriminação onde todos pudessem viver em paz, ser aceito pelo que é,e não pelo que tem.